Traços biográficos de Benjamim Ferreira Guimarães

 

O navio a vapor Benjamim Guimarães, reinaugurado em 11 de agosto de 2004 no Rio São Francisco, tem o nome em homenagem a Benjamim Ferreira Guimarães.

Ele nasceu a 17 de dezembro de 1861, em Santo Antônio do Rio São João Acima, hoje Igaratinga, localizada na região centro-oeste de Minas Gerais. Faleceu aos 86 anos de idade, em Belo Horizonte (MG), no dia 15 de março de 1948, na residência da família na Avenida Augusto de Lima nº 399.

Era filho do farmacêutico Manuel Ferreira Guimarães e de Maria Constança Guimarães. Em Bom Sucesso (MG), casou-se com Maria Ambrosina Mourão Guimarães e ali nasceram os doze filhos. Na data do falecimento, deixava 92 descendentes entre filhos, netos e bisnetos.

Em criança, cursou a escola do professor por menos de um ano, como era usual no tempo e no local. Aos treze anos, a convite de seu padrinho, partiu do lugar em que nasceu e foi para o Rio de Janeiro, capital do Império, com a finalidade de trabalhar na firma comercial Xavier Gontijo & Cia. A duração mínima de trabalho, na época, era de dezesseis horas por dia. O pouco tempo disponível não permitia estudo regular e formal. Entretanto, de quinze em quinze dias, a firma dava-lhe meio-dia de descanso, e ele utilizava o tempo em praticar a leitura e a escrita. Após dois anos de trabalho na mesma firma, retornou à terra natal.

Com a idade de dezessete anos, partiu novamente de Igaratinga para exercer o ofício de mascate no município de Bom Sucesso (MG). Ali, começou a trabalhar na loja de Joaquim Machado da Silva Neto. No segundo ano, o seu trabalho fez com que passasse a participar em um terço dos lucros do estabelecimento. No terceiro ano, o patrão uniu‑se ao empregado e fundaram a sociedade comercial Machado & Guimarães. A empresa progrediu. Em 1889, Benjamim Guimarães exercia o comércio em seu próprio nome.

Como muitas outras pessoas, deixou-se seduzir pelas inversões financeiras frenéticas do final do Império e início da República denominadas o Encilhamento. Perdeu a elevada quantia de  trezentos contos de réis em aplicações na Bolsa de Valores. Pouco  lhe restou em poupanças.

Dois anos após, em 1894, começou de novo as atividades comerciais em Bom Sucesso. Em 1906, já havia readquirido apreciável fortuna. Bom Sucesso foi a cidade em que construiu a base de sua prosperidade. Então, transforma‑se o comerciante em industrial. Esse perfil biográfico extraímos do Boletim da Associação Comercial de Minas, publicado em 26-8-1944.

As principais empresas que Benjamim Ferreira Guimarães fundou, ou comprou depois de fundadas, ou participou foram: Casa Mineira, Companhia Industrial de Valença, F Guimarães & Companhia, Companhia Fiação e Tecelagem São João del-Rei, Companhia Minas da Passagem, Companhia Fiação e Tecelagem Barbacenense, Companhia Industrial Riacho Fundo, Banco de Crédito Predial, Companhia Oliveira Industrial, Companhia Predial Ferreira Guimarães, Companhia Industrial Ferreira Guimarães.

            Vida toda feita de trabalho. Comerciário, comerciante, industrial. O trabalho contínuo e intenso propiciou‑lhe a obtenção de grande riqueza.

            Espírito humanitário, dedicou-se a atividades filantrópicas, ajudou com quantias vultosas inúmeros asilos, hospitais, escolas e instituições de beneficência em Minas Gerais e em outros estados do país. Buscou  sobretudo dar amparo às crianças pobres e doentes. A sua obra de assistência social que mais sobressaiu foi a Fundação Benjamim Guimarães, constituída para o tratamento da tuberculose infantil.

O presidente da República, Getúlio Vargas, mandou inscrever o nome de Benjamim Guimarães no Livro do Mérito por ter cooperado para o engrandecimento espiritual e material do Brasil, como filantropo e criador de riqueza nacional. Em solenidade realizada a 21 de dezembro de 1944, no Palácio do Catete, então sede do governo federal, o presidente da República entregou a Benjamim Guimarães o diploma de inscrição do nome no Livro do Mérito representativo da investidura na honraria oficial.

Em síntese, Benjamim Ferreira Guimarães foi um dos maiores industriais de Minas Gerais e do Brasil.

                                                                      

Fernando da Matta Machado

 

            Artigo publicado no jornal CORRENTE, de Pirapora, Minas Gerais, ano XXVII, no 1.051, de 6 de agosto de 2004. Edição especial em homenagem à volta do vapor Benjamim Guimarães ao São Francisco.

 

 

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Rio de Janeiro (RJ), 21 de agosto de 2008